quarta-feira, 31 de julho de 2013

Jorge Jesus

Sou o primeiro a admitir que, quando soube que JJ era o treinador escolhido para substituir o bem falante (mas miserável treinador) Quique Flores, torci o nariz. Mas a verdade é que rapidamente me tornei um fã e ainda não tinha terminado a pré época e o mister já tinha todo o meu apoio. Parabéns a LFV, porque foi uma aposta pessoal dele e, sem dúvida nenhuma, uma aposta ganha.

Desde aí, tenho sido sempre um apoiante incondicional do treinador. Não só fui a favor da sua permanência este ano, como também há dois anos (qd o vitinho foi campeão no primeiro ano) quando todos pediam a sua cabeça.

JJ chegou com o seu estilo meio labrego meio saloio e fez o que prometeu - meter a equipa a jogar o dobro do que jogava. Se Quique era bem falante mas a equipa não jogava nada, JJ era precisamente o oposto, péssimo falante mas a equipa arrasava. Ironicamente, a sua falta de jeito para discursar tornou-se uma mais valia: dava show em cada conferência de imprensa!! A sua falta de jeito, inesperadamente, só lhe dava mais carisma!!

Quanto me ria e divertia a ver Jesus a falar e a responder "mal" e bruscamente. E ainda me ria mais por ter a sensação de que JJ já tinha percebido que isto jogava a seu favor e usava e abusava deste "mau jeito" intencionalmente, enquanto os adversário iam gozando com ele sem perceberem que estavam a cair precisamente na sua armadilha.

Com a equipa a demolir adversários e com conferências de imprensa com mais audiência do que as telenovelas brasileiras em horário nobre, a receita para o sucesso estava encontrada.

Mas com o sucesso veio ao de cima a falta de formação de JJ, uma coisa comum em pessoas que sempre foram humildes e de repente se vêem rodeadas de atenção, protagonismo e, mais importante, dinheiro! Jesus tornou-se o típico novo rico e não foi capaz de se agarrar às suas origens simples e humildes e foi-se tornando uma pessoa bruta, convencida de que é superior aos outros.

Aos poucos, a animação, comédia e boa disposição das conferências de impresa foi dando lugar à arrogância, má disposição e a respostas brutas (atenção à diferença entre brutas e bruscas). A presunção toldou-lhe o discernimento de tal maneira (Emersons, Robertos, etc.), que deixou de se empenhar e foi completamente arrasado na época seguinte pelo André Vilas Boas (que, na minha opinião, está muitos degraus tactica e tecnicamente abaixo de JJ, mas que sabe gerir muito melhor o seu próprio ego).

Após uma 2ª época desastrosa, JJ percebeu que para se manter no topo é preciso trabalhar e melhorou muito. Até aqui, tudo mais ou menos normal... uma pessoa tem competência, alcança sucesso, abandalha em seguida, cai, percebe que precisa de retomar os mesmos níveis de trabalho para voltar a ter sucesso e começa a concentrar-se nisso. JJ voltou a dar o litro e a empenhar-se mas, O GRANDE PROBLEMA, é que não se conseguiu livrar mais de um estado sobranceiro, convencido, presunçoso, a falar com os jornalistas como se ele fosse o maior do mundo.

Resumindo e concluindo, sou completamente a favor da permanência de JJ. Reconheço-lhe o mérito de meter a equipa a jogar bem, muito competitiva, com experiência. Reconheço-lhe o mérito de potenciar os jogadores. Reconheço-lhe o mérito de nas últimas duas épocas ter levado a equipa às costas contra tudo e todos num campeonato completamente viciado e enviesado. Reconheço-lhe o mérito de, mesmo num país onde o futebol é podre e para haver um campeão que nao seja o fcp tem que se fazer uma época inteira sem derrotas, ter conseguido lutar até ao fim pelo título.

NO ENTANTO, é muito importante que JJ acabe com a presunção e sobranceria, aprenda a gerir o seu ego, recupere a humildade e adopte um discurso mais amigável e acessível.

Se o fizer, terá de novo a seu lado todos os benfiquistas e seremos concerteza muito mais fortes nesta luta desigual e imparcial que é este campeonato português.

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